Editorial Santos e Santos

A alienação da “Força de Expressão” como pano de fundo para a discriminação e opressão social.

 

 

 

Por Santos e Santos

 

 

Que mecanismos sociais foram construídos de modo a evitar altos níveis de antagonismo racial no país? E para iniciar essa discussão trago uma citação do pensador Thomas Hobes que disse: “O homem é o lobo do próprio homem!”

Em uma breve análise através de um estudo que realizei, consegui identificar uma série de fatores que dificultavam o antagonismo racial brasileiro: aspectos socioeconômicos dados pelo elevado grau de pobreza da população negra, aspectos ideológicos marcados tanto pela imagem da integração presente na democracia racial quanto pelo ideal de branqueamento, sem deixar de sinalizar o modelo político brasileiro que molda também nossas relações raciais.

O primeiro pilar fundamental para o desenvolvimento desse tipo de abordagem se relaciona com o desenvolvimento de perspectivas multidimensionais e interseccionais sobre o fenômeno da desigualdade social. Esse desenvolvimento vem contribuindo para a ampliação de uma concepção de desigualdade social até então restrita à ideia de desigualdade de oportunidades – isto é, diferenças observadas nas chances individuais de acesso e posse de bens socialmente valorizados – para concepções que têm enfatizado as desigualdades de posições ou resultados.

O foco das análises aqui desenvolvidas está em compreender os riscos e mecanismos de reprodução de desigualdades que operam nas relações sociais sob o pano de fundo de que as palavras ditas, que possuem contextos no mínimo excludentes, foram utilizadas apenas como “força de expressão”.

 

O avanço do nosso conhecimento sobre esta questão demandava o aprofundamento das análises empíricas das experiências vividas ao logo da nossa jornada pela busca da qualificação acadêmica e profissional levando em conta toda dificuldade de acesso e permanecia enfrentadas para chegar a certos objetivos.

Na verdade, precisávamos ter acesso a um conjunto amplo de estudos situados (estudos sobre casos específicos ou análises comparativas) que se detivessem nos aspectos qualitativos e processuais das experiências de implementação e das interações entre cidadãos e serviços públicos.

A desigualdade social é um processo existente dentro das relações da sociedade, presente em todos os países do mundo. Faz parte das relações sociais, pois determina um lugar aos desiguais, seja por questões econômicas, de gênero, de cor, de crença, de círculo ou grupo social. Essa forma de desigualdade prejudica e limita o status social dessas pessoas, além de seu acesso a direitos básicos, como: acesso a educação e saúde de qualidade, direito à propriedade, direito ao trabalho, direito à moradia, ter boas condições de transporte e locomoção, entre outros.

 

As pessoas que são marginalizadas sofrem os maus efeitos da existência dessas bolhas sociais e econômicas. Nesse sentido, quem é de uma família pobre tem menos probabilidade de ter uma excelente educação e instrução; assim, com baixo nível de escolaridade, terão destinados a si certos empregos sem grande prestígio social e com uma remuneração modesta, mantendo seu status social intacto.

Mas, os conflitos surgem justamente quando os “teimosos sociais” escapam dessa bolha social excludente e resolvem através da busca pelo conhecimento afrontar o “status quo” dos paradigmas estabelecidos pelos que acham que detém a “razão” em ocupar as melhores posições na sociedade.

A partir daí, para justificar seus posicionamentos que muitas vezes tem a finalidade de manter a estratificação social, passam a pontuar através das suas opiniões como se fosse “não normal” a participação dos antes “excluídos”, na vida política e cultural da sociedade. E quando alguém questiona por que a estranheza, aparece a citação “força de expressão” para justificar a aparente forma excludente de tentar aplacar aquilo que não concordam que possa acontecer.

Nesse ponto, peço permissão para falar de mim, sem modéstia e sem arrogância ou prepotência. Até porque, minha educação doméstica não me permite isso.  Ouço e leio muitos falando de “meritocracia”, e com todo respeito, ao analisar o contexto das minhas lutas e dedicação, me parece que essa tal meritocracia” é um mito. Principalmente quando tem como “pertencedor” alguém que não faz parte do grupo dos “amigos do Rei”.  Não há como clamar que uma classe social alcança bons feitos por mérito, frente a outra que sequer consegue acessar as mesmas oportunidades. Um princípio do direito prega em tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais, com o intuito de reconhecer como a força das vivências, dos locais de origens e da vida social tendem a se manter os mesmos por décadas. E com todo respeito, é o que vejo na postura de muitos que conheço.

A desigualdade social é fruto da concentração de dinheiro e poder a uma parte muito pequena da população, o que resta à grande parcela da sociedade é dividir o restante. E muitas vezes, quem garante a hegemonia desses fatos não são “os senhores feudais”. São na verdade, os “capitães do mato”!

 

Aprendi nesses quase 31 (trinta e um) anos como Professor/Educador, que tenho o dever de cumprir fielmente esse sacerdócio educacional que um dia resolvi viver. Sendo assim, só a nível de registro, sem querer implantar “ideologias sociopolíticas” na cabeça de nenhum dos meus queridos leitores, gostaria de trazer para o centro desta breve reflexão, um estudo sobre a ideia de dois pensadores a respeito deste assunto. O sociólogo Max Weber acredita que as classes sociais estão ligadas aos privilégios e prestígios, sendo uma forma de estratificação social. Acredita que essas classes tendem a se manter estáveis ao longo de gerações, reproduzindo a desigualdade com as classes inferiores. Já Karl Marx, entende que existem duas grandes classes: a trabalhadora (proletariado) e os capitalistas (burguesia). Enquanto os trabalhadores se importam em sobreviver, os capitalistas se preocupam com o lucro. E, assim, criam as desigualdades e os conflitos sociais, como a opressão e a exploração.

 

Então o eu seria mesmo essa tão propagada “FORÇA DE EXPRESSÃO”? Algum dos leitores defenderiam que a escolha de colocar iluminação de Led nas vias centrais da cidade, e escolher colocar luz amarela nas periferias e distritos é “força de expressão”? A escolha da operação policial com toda força nas comunidades carentes, e o ato de não incomodar os condomínios de alto padrão serão também essa tal “força de expressão? Ou o sucateamento da escola pública, e a preocupação de dotar os arredores das escolas particulares de toda infraestrutura seria também “força de expressão”? Seria “força de expressão” ter tanto desprezo pela educação publica de base, mas querer ocupar as vagas nas universidades federais e estaduais? Ou ainda, “força de expressão” é criticar tanto a pobreza que “ofende” os olhos dos detentores do “capital” (as vezes são só lobistas), mas fazer de tudo para que a pobreza seja essencial para manter a exploração da mão de obra do trabalhador? Sucatear a saúde pública municipal permitindo longas e poucos atendimentos com a finalidade de manter os ganhos das clínicas e hospitais particulares que existem nos municípios, será que é “força de expressão”? Defender tanto que os parlamentares e detentores de cargos do Executivo nas três esferas sejam mais preparados, mas não levar em consideração nas disputas eleitorais a capacidade e o preparo dos não pertencentes ao “status quo” da sociedade dominante, mesmo que a administração pública e a população sofram as consequências, pode ser também essa tão propagada “força de expressão”?

Claro que não! “força de expressão” é o nome dado ao mecanismo de dominação, exploração e humilhação utilizado por aqueles que se incomodam pela ascensão acadêmica e profissional dos antes chamados e tratados pelos “senhores feudais” como “preguiçosos”, “vagabundos”, “encostados”, e até mesmo eram acusados de não lutar para superar suas dificuldades socio-financeiras.

Corrigir as desigualdades é um passo fundamental para que se construa uma sociedade mais justa. Isso implica rever as arbitrariedades seculares, estruturais e cumulativas que têm mantido os privilégios de um grupo em detrimento da difusão de direitos fundamentais para a totalidade da população.

Deram-nos ingressos para assistir um filme com enredo de comédia, mas ao final, nós expectadores, saímos com a certeza que assistimos um drama e terror que ao que parece está longe de terminar: O jogo do poder!

 

O poder midiático enche os nossos ouvidos propagando lorotas dos seus financiadores, que prometem cuidar do povo, mas nos bastidores, estão sendo muito bem pagos para criarem uma bela imagem dos que almejam se manter no poder.  Eleger seus sucessores, apadrinhados, esposas ou esposos, ou até mesmo a família inteira no primeiro e /ou no segundo poder, sim: estou falando dos Poderes Executivos e Legislativos.

Dito isto, sem querer esgotar o assunto, aconselho aos nobres leitores que “rebele-se” pela busca do conhecimento e continuem construindo pontes que possam te levar ao caminho tão sonhado e desejado. Mas, não esqueçam que terão que escalar as muralhas da discriminação, desigualdade e opressão social, mais conhecida como: “FORÇA DE EXPRESSÃO!”

 


*Luis Antonio Santos e Santos é Jornalista; Radialista; Advogado; Professor; Mestrando em Comunicação e Jornalismo com Ênfase em Mídias Sociais e Digitais; MBA em Comunicação e Marketing; e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais.

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