Cidadania Santos e Santos

A manipulação na comunicação através das redes sociais

“Aqueles que se manifestam fora da tese dominante recebem uma desqualificação ofensiva que atua como um alerta para outros que não sigam a risca o que tais grupos determinam na comunicação”.

No atual cenário da comunicação as nossas certezas do passado não podem continuar a guiar nossas ações, pensamentos ou processos no presente, especialmente porque é precisamente esse presente que ele os questionou.

Não existem razões válidas para continuar alimentando monopólios em certas áreas do conhecimento.

O fato é que houve uma auto-reflexão muito precária sobre os próprios processos de produção de conhecimento e sobre os pressupostos ontológicos subjacentes práticas de pesquisa em comunicação.

Ter voltado meu olhar para o mundo social em detrimento de uma construção mais específica sobre as particularidades dos processos que constituem a comunicação como um conhecimento científico particular, proporcionou uma sistemática melhora na minha visão de mundo.

Dito isto, passei a nutrir nos meus anseios de pesquisa duas problemáticas bem atuais:

“Como a comunicação é possível?”

“Como a comunicação é consumida na prática?”

As técnicas para mentir e controlar opiniões foram aperfeiçoadas na era da pós-verdade. É perceptível que nada mais eficaz do que um engano baseado em verdades, ou sutilmente envolvido nelas.

A era da pós-verdade é realmente a era do engano e da mentira, mas a novidade associada a esse neologismo é a massificação de falsas crenças e a facilidade para que os conflitos na comunicação sejam a tônica das discussões nas redes sociais.

A mentira deve ter uma alta porcentagem de verdade para ser mais credível. E ainda mais efetivamente alcançará a mentira que é composta cem por cento por uma verdade. Parece uma contradição, mas não é.

Aqueles que se manifestam fora da tese dominante recebem uma desqualificação ofensiva que atua como um alerta para outros que não sigam a risca o que tais grupos determinam na comunicação.

A tecnologia permite hoje manipular digitalmente qualquer documento (incluindo imagens) e garante que aqueles que reagem com certos dados às mentiras sejam apresentados como suspeitos, porque suas evidências não têm mais um valor da verdade. A isso se soma a perda de cotas de independência nos meios de comunicação com a crise econômica.

As redes sociais tem se tornado um campo tão paradoxal que as pessoas não acreditam mais em nada e, ao mesmo tempo, são capazes de acreditar em qualquer coisa. E nesse contexto, as informações resultam em menos credibilidade.

Nas redes sociais tem se desenvolvido técnicas de silêncio para sustentar as mentiras que são plantadas ou difundidas por certos grupos. Criaram uma forma eficaz para manipular a comunicação que consiste em uma parte verificável da mensagem é emitida, mas uma igualmente verdadeira é omitida. E assim, ocorre a manipulação das noticiais e informações.

Nessa nova fase da comunicação, “PÓS-VERDADE E PÓS-MENTIRA”, não há mais a necessidade de usar dados falsos. Estão apenas usando insinuação, as palavras ou imagens expressas param em um ponto, mas as conclusões que inevitavelmente tiram delas vão muito além.

Uma das novidades é a principal técnica da insinuação nos meios de comunicação que começa a partir de justaposições. Colocam uma idéia ao lado da outra sem explicar explicitamente uma relação sintática ou semântica entre elas. Mas sua aparência força o leitor a deduzir o que o emissor pretende. Na verdade, O pressuposto e o implícito compartilham algumas características e baseiam-se em tomar algo como certo sem questioná-lo. Como todos sabem a falta de contexto adequado manipula os fatos.

A falta de dados de contexto pode incluir a omissão cada vez mais habitual das versões e opiniões – que devem ser coletadas com neutralidade e honestidade – das pessoas atacadas por notícias ou opiniões. E na verdade os beneficiários nem sempre têm fatos relevantes para atacar seus adversários. Porém, utilizam-se de técnicas expansivas de duvidas das noticiais para turbar a comunicação.

Assim, a censura não é mais exercida nem pelo governo nem pelo poder econômico, mas por grupos de dezenas de milhares de cidadãos que não toleram uma idéia divergente, e são capazes de linchar quem, em seu julgamento, tentar ser contrario às suas opiniões. E assim, exercem seu papel de criar conflitos mesmo sem saber muito bem o que estão criticando.


Por: Luis Antonio Santos e Santos – Jornalista; Advogado; Mestrando em Comunicação e Jornalismo com Ênfase em Mídias Sociais e Digitais; Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais.
RPJ/DRT N.º 0006039/BA

 

 

 

 

 

[pro_ad_display_adzone id="1630"]

Topics