Catú Celebridades Santos e Santos

Ângelo Nascimento: Um músico influenciador social na Cidade de Catu

 

 

*Por Santos e Santos

 

A coluna Celebridades do Lauro Jornal resolveu realizar uma série de entrevistas com Celebridades empreendedoras, de vários ramos de atividade. Considerando que ele tenha pelo menos 3 (três) anos de experiência com a atividade empreendedora. E o nosso entrevistado dessa vez é Ângelo Pereira Nascimento.

É muito comum encontrar músicos que afirmem que a experiência de gerir uma banda é similar a de cuidar de um negócio. Mesmo assim, há aqueles que sonham em ir mais longe, abrindo a sua própria empresa além do mundo da música. É por isso que muitos artistas se jogam no empreendedorismo.

A carreira de músico é uma das mais desvalorizadas por ignorância, no que se refere a incentivo.  Muitos desconhecem as lutas travadas pelos músicos, mas querem ainda comentar as atividades com críticas sem nexo algum.

A impressão de que o músico é aquele que fica tocando um instrumento de papo para o ar, como diversão, como muitos que se dedicam a outras profissões fazem da música como lazer, é um achismo constantemente.

Realmente é bastante trabalhoso lidar com programadores, produtores culturais, leis de incentivo, ausência de legislação específica, representatividade de classe, público de maneira geral, e por mais incrível que possa parecer e o pior, lidar com familiares e amigos sobre a profissão de músico.

Pensando nisso, resolvemos entrevistar um músico para esclarecer alguns pontos. E entrevistar Ângelo foi uma escolha bastante acertada, em virtude do talento com o mundo artístico e das variações profissionais. Eis a entrevista:

Nome completo: Ângelo Pereira Nascimento

Formação: Técnico em Eletroeletrônica, Graduando em Sistemas de informação (Estácio de Sá)

Naturalidade: Mata de São João

Idade: 36 anos

Obras artísticas: Bandas – Creuza, Assepsia, Distorção Nordestina, Doutor Hanibal e atualmente Últimos de Nós

1- O que te levou a escolher tal profissão?

Meu pai trabalha com Eletrônica e tem uma Oficina localizada na Aruanha, a convivência com ele fez com quem aprendêssemos um pouco dessa profissão, atualmente trabalho como técnico operacional em petróleo e gás, uma área totalmente diferente a qual sou formado, área que sou apaixonado, aprendi a amar e me dedico bastante no aprendizado diário, sobre a música minha principal influência é o meu irmão Miguel Ângelo, atualmente toca comigo, na minha infância tive oportunidades de presencia-lo tocando em seu quarto vários clássicos do rock, ele foi o meu primeiro professor de música e meu maior influenciador.

2- Há quanto exerce como músico?

Desde os 18 anos, totalizando exatamente 18 anos de engajamento e dedicação a arte alternativa.

3- O que mais lhe atrai na sua profissão?

Na música o que mais me atrai é o sentimento de liberdade, a pulsação do coração com a adrenalina dos sentimentos explodindo dentro de mim, a música para mim é uma extensão do meu ser

4- Quais são suas perspectivas como músico?

Não tenho perspectiva de virar um astro ou ícone do rock, quero poder transmitir a minha mensagem, quero poder com a minha música servir de exemplo e inspiração para as pessoas, procuro realizar e apresentar o melhor trabalho musical com qualidade principalmente de letras e arranjos.

5- Se não exercesse essa profissão, qual seria?

Acredito que desenhista ou tatuador, amo desenhar, desenho desde os 12 anos.

6- Qual a sua remuneração? (Quem não se sentir a vontade para responder essa pode pular)

Infelizmente como músico de rock na Bahia não temos boas remunerações e incentivos.

7- Existe algo que você não gosta em sua profissão?

Sim, o sentimento de tribo e segregação de estilos, sonho apesar de que isso realmente acontece com algumas pessoas que curtem Metal e seguem a ideologia Headbanger, não agravando a todos, na Bahia felizmente esse tipo de ideologia não é muito disseminada nas novas gerações, para permanecermos vivos e ativos devemos ser unidos como uma tribo só em prol de uma causa de todos.

8- Qual foi o dia mais gratificante como profissional?

Tive alguns momentos: 1- Meu primeiro Show no Colégio Elefantão em Pojuca, foi algo que nunca irei esquecer, devido o sentimento de medo, angustia, ansiedade e satisfação, um mix louco, 2-Quando gravei a minha primeira música profissionalmente com a Doutor Hanibal, gravamos a música Mundo dos Sentidos no estúdio Jimbo de Lucas Costa em Alagoinhas, Lucas é um músico que sou literalmente fã e admiro demais e hoje o coloco no rol de amigo próximo, depois da gravação chorei igual criança, 3- Quando ganhamos com a Últimos de Nós o prêmio de Melhor arranjo, não gosto de festivais, nunca me dou bem, mas nesse realmente fiquei impressionado, não esperava ter esse prêmio o 4- Foi a gravação do primeiro vídeo clipe com a Últimos de Nós, clipe da música Jeany, essa música tem uma mensagem forte e real sobre a violência contra a mulher e gravar uma música que já tem 10 anos de escrita conta muito para mim, foi uma luta diária, desde a criação do projeto para adquirir o auxílio da Lei Aldir Blanc, contratação da produtora até a conclusão do clipe, nossa, fiquei totalmente exausto, chorei muito, sou emotivo em meus momentos pessoais, foi um dia incrível….

9- Quais as características fundamentais para ser um bom músico?

Primeiro persistência e dedicação, sempre persistir, se dedicar ao máximo e buscar sempre auxílio e orientação dos mais experientes, respeitar os mais experientes te leva a aprendizados inimagináveis.

10- Como sua profissão interfere em sua vida pessoal?

Hoje a música para mim é uma atividade que me dá muito prazer, tenho que organizar bem o tempo, com os dias de ensaio e shows para que não cause impacto no meu trabalho no ramo do petróleo

11- Você acha que sua remuneração é justa? (se quiser pula).

Na Bahia e principalmente em Catu os valores pagos em cachê para bandas de rock são totalmente injustos, infelizmente o apadrinhado e a valorização de outros estilos acabam nos colocando como bandas de segunda ou terceiro grau de remuneração em cachê

12- Você tem vontade de mudar de profissão?

Não

13- Qual foi o seu dia profissional mais difícil?

Quando não fomos contratados para tocarmos na festa de Reais da cidade, isso para mim foi sim, um dia muito difícil.

14- Faça uma breve descrição da sua profissão.

Sou músico, compositor e ativista cultural do rock na cidade de Catu, trabalho com muito suor e sem garantias no dia a dia.

15- Sua profissão tem muitas áreas?

Ser músico abre um leque de várias áreas músicas desde a variação de instrumentos como também muitas variações de estilos, ter experiência com outros estilos, principalmente os correlacionados ao seu estilo, ajuda bastante no amadurecimento e aperfeiçoamento profissional.

16- Onde você se formou?

Não tenho formação em música

17- Para você quais os principais desafios de um músico?

Preconceito é um dos principais desafios, infelizmente no Brasil músico ainda é visto como uma profissão marginalizada, a não ser que como consequência do seu trabalho venha a fama.

18- Quais as políticas públicas você acha que falta em relação ao apoio para os artistas?

A inclusão da música na grade curricular educacional, realização de festivais estudantis e festivais culturais onde possam ser expostos outros estilos musicais, a utilização dos músicos locais nas atividades municipais, desde inaugurações de locais, ou em campanhas saúde etc. em bairros, que isso não formalize as panelinhas, pois a panelinhas acaba matando os novos artistas locais, a utilização e fomento do uso de músicos e artistas locais pelos empresários locais.

PERCEPÇÃO

Ser um profissional que tem o seu destaque é diferente de ‘querer aparecer’ junto aos demais. O profissional que é realmente diferente, mostra em seus resultados, algo a mais que o combinado e assim ganha a admiração de clientes. O pensamento antigo de que ‘eu faço minha parte’ é tão antigo que nem é citado mais, pois quando um profissional iria dizer isto, ele simplesmente fica quieto por se considerar totalmente certo na situação.

E isso ficou claro nas respostas dadas por Ângelo nessa entrevista. Assim como em todas as áreas profissionais, aprender sobre música ou tocar algum instrumento requer estudo, dedicação e muita paciência.

A complexidade dessa atividade, as vezes, acaba desmotivando algumas pessoas que gostariam de seguir a carreira de cantor ou instrumentista.

A música existe e sempre existiu como produção cultural, pois de acordo com estudos científicos, desde que o ser humano começou a se organizar em tribos primitivas pela África, a música era parte integrante do cotidiano dessas pessoas. A música, ao ser produzida e/ou reproduzida, é influenciada diretamente pela organização sociocultural e econômica local, contando ainda com as características climáticas e o acesso tecnológico que envolvem toda a relação com a linguagem musical. A música possui a capacidade estética de traduzir os sentimentos, atitudes e valores culturais de um povo ou nação. A música é uma linguagem local e global.

A arte musical é um dos meios mais favoráveis para se introduzir cultura de uma maneira gostosa e satisfatória. Tendo a noção do poder que exerce sobre as pessoas, ela tende a mudar os conceitos e os paradigmas do indivíduo, deixando-o livre.

Quando unimos a arte e os projetos sociais, conseguimos atingir a população que está à margem da sociedade e dos recursos que os cidadãos recebem, e sofrem muitos preconceitos. É uma forma de o cidadão ganhar direitos, ganhar voz e vez, podendo usufruir de seus direitos como cidadão. Muitas vezes, a arte pode ser uma maneira de educar para a vida. E essa é justamente a influencia que Ângelo consegue levar para a comunidade catuense.

 



*Luis Antonio Santos e Santos é Jornalista; Radialista; Advogado; Professor; Mestrando em Comunicação e Jornalismo com Ênfase em Mídias Sociais e Digitais; MBA em Comunicação e Marketing; e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais.

 

 

 

 

 

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