Infraestrutura

Feira de São Joaquim:  resistência do povo negro

Comunidade quer, de volta, as linhas que ligavam Lauro de Freitas à Feira de São Joaquim.

Moradores de Lauro de Freitas perderam o direito de ir à Feira, com o corte das linhas de ônibus de Itinga, Portão, Areia Branca, Vida Nova para fazer as suas compras, às vezes até para revender. Localizada na Cidade Baixa, entre a Baía de Todos-os-Santos e a Avenida Oscar Pontes, o comércio possui uma área de mais de 35.000,00².

Folhas para banhos, frutas, frutos, castanha, camarão, tapioca, remédios caseiros, azeite, pimenta, galinha, galo, peixe, verduras, carnes, farinha etc. Tão grande quanto sua extensão e produtos, é também sua história e o carinho, sentido por aqueles que vivem sua rotina dentro daquele espaço.

Todo dia é de feira em São Joaquim, onde problemas e alegrias de quem passa décadas trabalhando e vivendo no local são compartilhados. A feira funciona no galpão provisório Água de Meninos, em Salvador, enquanto a região histórica de São Joaquim, situada a metros, passa por obras de requalificação. Frutas, hortaliças, mariscos, produtos religiosos e artesanais são vendidos por feirantes que resistem há décadas, logo às margens da Baía de Todos os Santos. Cultura de resistência!

Para o antropólogo Ordep Serra, a Feira de São Joaquim tem vinculações históricas com a população negra, o povo de axé e as artes. Margeada pela Baía de Todos os Santos, detalha que o local aportava saveiros, que traziam para a capital o artesanato, produzido no recôncavo baiano. “É um espaço carregado de história. É muito a cara da Bahia. Se a perdermos, estamos perdendo parte da nossa identidade”, atesta.

Um espaço, reflexo de uma cultura de resistência. Antes denominada como Feira de Água de Meninos, a localidade enfrentou um incêndio, que destruiu as suas bases.

Apesar do desastre, o local se reconstruiu. A Água de Meninos deu lugar à Feira de São Joaquim. Nas barracas, predominantemente comandadas por pessoas de baixa renda, encontra-se de tudo. Lá está a fruta, o legume, o incenso, o dendê. Há flores e contas. Há carnes, cachaça e uma infinidade de iguarias, com excelente qualidade. “Tem o povo negro, que resiste ao racismo visceral e institucional, do qual ainda é vitima a nossa cidade“, destaca.

Por quê a Sedur e a Agerba tiraram o direito das pessoa irem, às 4:00 da manhã, como era de costume, comprar as suas iguarias?

A comunidade, através do “Movimento de Mobilidade Urbana da Sociedade Civil”, entra em luta, reivindicando a volta dos ônibus que faziam as linhas que levavam-os à Feira de São Joaquim, saindo de Portão, Vida Nova, Itinga e Areia Branca.


Da Redação
Imagem: Internet

[pro_ad_display_adzone id="1630"]

Topics