Catú Política Santos e Santos

Guerra Fria: Aliados no passado e agora “inimigos” políticos e midiáticos.

 

 

*Por Santos e Santos

 

 

O Ex-Gestor da Cidade de Catu, Geranilson Requião (Gera) e a Ex-Vereadora Clara Sena eram aliados na eleição de 2012 quando saíram vencedores daquele pleito eleitoral. Gera foi eleito para o seu primeiro mandato de Prefeito da Cidade de Catu, e Clara Sena foi eleita para o seu primeiro mandato de Vereadora da Cidade. No início da Legislatura 2013/2016, os hoje “adversários”, estiveram no mesmo barco.

Como diz a frase, do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues: “Toda coerência é, no mínimo, suspeita.” Essa frase combina bem com o atual cenário político da Cidade de Catu no que tange a Gera e Clara. Quem é hoje adversário já foi aliado, e em uma verdadeira guerra midiática ambos se atacam como podem e precisam nas redes sociais. E as vezes, quem entra em campo são os seus respectivos correligionários. Com isso, sobram declarações contraditórias e, às vezes, até mesmo são atribuídas acusações de cometimento de crimes.

Em política, é aconselhável ter muito cuidado redobrado com os amigos e aliados. Nunca se sabe o que serão capazes de fazer. Os inimigos são previsíveis, querem o seu mal. Já os amigos podem fazer o mal até sem querer… é por isso que alguns poderosos afastam todas as pessoas próximas e preferem exercer o poder na ampla solidão.

Recentemente, Gera postou na sexta-feira (09/07/2021) nas suas redes sociais (Instagram: @gerarequiao) o seguinte texto:

O mandato de um gestor público tem prazo certo e determinado, mas a prestação de contas para a sociedade transcende o tempo e o curto período da delegação que exerci.

 

Fui informado nesta sexta-feira (09) que uma denúncia formulada pela ex-vereadora Clara Sena foi devidamente ARQUIVADA.

 

O Ministério Público refutou as alegações da mesma, que pediam a suspensão da abertura de crédito suplementar pela Prefeitura de Catu/BA, visando a pavimentação asfáltica do município, com recursos provenientes de empréstimo contraído perante a DESENBAHIA em minha administração.

 

Nestes momentos me veem algumas reflexões: Em razão de denúncias infundadas as obras foram paralisadas, empregos ceifados e prejuízos gerados pelo poder púbico.

 

Ao povo catuense, ficou a esperança da Pavimentação Asfáltica e do Esgotamento Sanitário em vários bairros e distritos e por distorções da realidade, foram interrompidos.”

 

Uma indicação de filme pra hoje: O silêncio dos “inocentes”.

De imediato os seus aliados, amigos e correligionários começaram a copiar e “lançar” nos grupos de WhatsApp da cidade que conta com a presença da grande parte dos políticos da região (Vamos Salvar Catu; Meu Catuzinho; Catu Livre; Catu Agora; ICR). Um dos aliados de Gera é o conhecido Thiago Lima que faz questão de sempre manifestar o seu total e irrestrito apoio ao ex-Gestor.

Em um nítido contra-ataque, Clara Sena fez neste domingo (11/07/2021) uma postagem nas suas redes sociais (Facebook: www.facebook.com/clarasena.oficial) o seguinte texto:

 

Boa noite, catuenses!

 

Em um momento onde a filha do ex-prefeito é acionada pela Justiça a se manifestar pela ocupação irregular de um patrimônio público e, que ainda se recusa devolver, (para quem não sabe ela mora em um imóvel cedido pela Petrobras à Prefeitura), o mesmo vem a público se manifestar quanto a um processo de arquivamento de uma das maiores vergonhas do seu governo: o pedido de empréstimo para pavimentar ruas, em parte, já pavimentadas por ele mesmo.

 

A fala do ex-gestor em sua rede social cita que a ação movida junto ao Ministério Público acarretou em prejuízos aos cofres públicos e empregos ceifados.

 

Se após a nossa denúncia, o ex-gestor através do ofício DOP 07/2017, solicitou a exclusão de 26 ruas e travessas do projeto por já estarem pavimentadas, assim como a supressão do valor de aproximadamente dois milhões de reais do valor de empréstimo, o prejuízo não foi causado, mas claramente evitado aos cofres públicos.

 

Fatos que ficaram gravados na mente dos catuenses durante a gestão passada: as obras de pavimentação passaram a ser realizadas noite a dentro, às vésperas das eleições municipais, e já em campanha, um claro flagrante de abuso de poder econômico.

 

Quanto aos empregos que foram, segundo o ex-gestor “ceifados”, ele deveria explicar os mais de 100 processos trabalhistas que tramitam por falta de pagamento a trabalhadores contratados em condições desumanas para executarem essas obras. Trabalhadores que não receberam pagamento de INSS, FGTS e dos direitos trabalhistas (férias, décimo terceiro salário, etc). A empresa contratada para realizar a operação, a Embratec, também não esqueceremos! Terceirizou o que era de sua obrigação contratual fazer e hoje busca negociar os valores que deve aos nossos catuenses, porque ainda julga injusto pagar.  

 

Esse foi o legado das obras de pavimentação da Gestão Geranilson Requião.

 

Ainda que o MP tenha arquivado a denúncia, certamente pelo prazo e não pelos fatos, isso não nos faz esquecer a vergonha de termos tido um gestor que encontrou no caminho do empréstimo a forma mais rápida e fácil, para pavimentar ruas em parte já pavimentadas. E que, se não fosse a ação movida por nós, onde estariam esses quase 2 milhões que foram suprimidos do projeto por conta da ação do Legislativo?

 

Por último, e não menos importante, chama atenção o fato de que eu e mais cinco parlamentares a época, termos assinado a denúncia. Contratamos um advogado somente para fazê-la, visto que nem o direito de acesso ao jurídico da Casa Legislativa nós tínhamos. Mas,  o ex-gestor faz questão de salientar apenas o meu nome. Por que será? Por que sou mulher? Por que eu não me permiti ser massa de manobra de velhos políticos? Ou por que começam  tentar desde já invalidar uma possível candidatura minha? Mas, creio que talvez seja mesmo uma maneira de tirar o foco de mais uma das grandes vergonhas deixadas pelo seu governo, o uso indevido de um bem público feito por sua filha, com seu total consentimento. E fica a pergunta: quantos catuenses foram agraciados com a possibilidade de morar em uma casa da Prefeitura? Na gestão Gera, só uma: a sua filha!  

 

Ah! Deixo como sugestão de leitura os artigos 560 a 566 do novo Código do Processo Civil, sem esquecer do artigo 9º, da Lei de Improbidade Administrativa.

Da mesma forma que foi feito em relação aos texto de Gera, de imediato os seus aliados, amigos e correligionários de Clara começaram a copiar e “lançar” nos grupos de WhatsApp da cidade que contam com a presença da grande parte dos políticos da região (Vamos Salvar Catu; Meu Catuzinho; Catu Livre; Catu Agora; ICR). Dois dos aliados de Clara conhecidos no meio político da cidade, Japa e Webert, fizeram questão de manifestar o total e irrestrito apoio a ex-Vereadora divulgando o texto.

Como todos sabem, dificilmente a política se faz sem a conjunção adversativa. E não se pode negar que os danos dessa guerra terão ainda que ser avaliados em um futuro breve.

Em uma simples análise, há muitas dúvidas que pairam e precisam ser esclarecidas. E as acusações de ambos os lados precisam ser observadas com todo cuidado por envolver agentes externos a toda essa guerra midiática entre os envolvidos.

O que chama atenção nesse conflito político é que tudo ocorre como se fosse os fatos da Guerra Fria – onde EUA e URSS não se enfrentavam diretamente. Apenas alimentavam o ódio entre seus respectivos aliados e só se preocupavam em alimentar esse ódio através da comunicação em massa. – No caso entre Clara e Gera, ocorre a mesma coisa. Eles publicam suas opiniões nas suas respectivas redes sociais, e “inocentemente” ou “de forma arquitetada”, seus aliados compram a briga nas redes sociais e nos quatro cantos da Cidade de Catu.

O que parece que poucos sabem, e que em geral o Ex-Gestor Gera faz parte da maioria dos grupos de WhatsApp da cidade. Ele lê tudo não se manifesta.

A forma de utilização atual da internet e as ferramentas colocadas à disposição dos usuários aceleram os problemas jurídicos. E bom saber que a relação das pessoas na internet é complexa, pois a pessoa que disponibiliza as informações pode ser a mesma pessoa que acessa os dados de outra, acrescentando informação ao conteúdo publicado, reenviando o conteúdo disponibilizado, inserindo comentários, ou seja, dinamizando de forma geométrica as informações.

Na verdade, a participação em redes sociais deve estar aliada a alguns conceitos e limitações jurídicas, sob pena de ferir o direito alheio e responder por eventual reparação de dano, como também em alguns casos, responder criminalmente.

Logo, a liberdade de expressão deve estar em equilíbrio com os demais direitos, especialmente o direito à privacidade, à intimidade e à imagem, como também a preservação dos direitos autorais.

Portanto, essa guerra entre Clara Sena e Geranilson Requião que esquentou durante um bom tempo entre o Parlamento municipal e o Executivo Municipal de Catu parece que só mudou de local. E os antes aliados, agora parece que são “inimigos” políticos e midiáticos.

Como diz Mica, um personagem político da Cidade de Catu: “Aguardem cenas dos próximos capítulos!”

 

 


*Luís Antônio Santos e Santos é Jornalista; Radialista; Advogado; Professor; Mestrando em Comunicação e Jornalismo com Ênfase em Mídias Sociais e Digitais; MBA em Comunicação e Marketing; e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais.

 

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