Educação Opinião Santos e Santos

Prova do Exame da OAB: “Maldade e Implementação de sofrimento”

 

 

Por Santos e Santos

 

 

Atribuir a alta taxa de reprovação no Exame da Ordem do Advogados ao déficit de formação acadêmica é um costume recorrente das organizadoras de concurso. Segundo eles, por ser um exame que engloba um alto número de disciplinas, o candidato precisaria ter um foco maior para com o exame durante a graduação.  No entanto, a cada Exame fica provado que essa alegação não convém.

“Maldade e Implementação de sofrimento”, essa é a minha opinião a respeito do que aconteceu na aplicação da Prova do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Um verdadeiro cenário de terror enfrentado pelos bacharéis em Direito neste último domingo (13). A prova foi difícil, uma verdadeira prova da de “outro mundo”.

Com toda certeza parecia prova para magistratura, para Ministério Público, e é uma covardia da comissão do Exame de Ordem querer que recém-formados tenham conhecimentos tão profundos de cada área do Direito. A impressão que deu foi que esta prova foi feita para reprovar.

Os bacharéis que fizeram a prova saíram triste e arrasados, e alguns afirmaram que se sentiram lesados pela Ordem e pela FGV neste domingo. Se não bastasse todo o sofrimento decorrente da Pandemia da Covid-19, a banca examinadora apresenta uma prova com uma desproporcionalidade absurda sem qualquer fundamento nem critérios.

Após muitos pedidos e reclamações dos estudantes resolvi dar uma avaliada na prova e afirmo que as questões são extremamente complexas e o nível de dificuldade suplanta as exigências para uma graduação.

Para se ter uma ideia, a FGV teve a triste coragem de cobrar temas divergentes na doutrina. Sem contar nas pegadinhas com os jogos de palavras.

Um dos absurdos foi misturar extraterritorialidade ao tratar de violência doméstica. Muitos dos enunciados confusos e sem objetividade.

Com toda certeza a prova foi pesada e mal elaborada. E parecia ter o claro objetivo de derrubar os candidatos.

Não poderia me furtar a tecer tais comentários, até por respeito e solidariedade aos meus estudantes. Se a intenção era afundar na tristeza os candidatos, parabéns! Conseguiram o intento.

Ouvi de alguns candidatos expressões como: “Se queriam fazer uma prova pra não ter mais advogado, conseguiram.” “Se vocês quisessem meu dinheiro era só pedir”. “Sensação de que nunca frequentei uma aula de direito”. “Prova escrita pelo satanás”.

Em uma recente pesquisa feita pela equipe de Jornalismo do Lauro jornal, descobrimos que A FGV disponibilizou o perfil dos inscritos e é possível notar que a aprovação no exame está proporcionalmente ligada ao fator econômico. De acordo com a organizadora, quanto maior a renda dos candidatos, maior é a taxa de aprovação.

Entre os participantes com ganhos acima de 30 salários mínimos, a taxa de aprovação é de 30,8%. Para aqueles que recebem até 1,5 mínimo por mês, a taxa é de 14,1%. Já no caso de quem não tem renda declarada é de 9,5%. Importante lembrar que esse resultado não têm a ver com falta de esforço ou mérito. Resumindo: Uma clara exclusão social!

Essas disparidades sociais interferem e deixam no mínimo uma leve desconfiança. Ainda segundo os dados da organizadora, candidatos que podem se dedicar apenas aos estudos têm melhor rendimento na prova (22,7%). E após essa prova ficou a impressão de que o planejamento do nível de dificuldade das questões foi muito bem seguido.

Lamentavelmente a sessão de terror e humilhação contra os Bacharéis em Direito foi realmente levada a sério e o resultado foi: “Tristeza e Lagrimas”!


*Luis Antonio Santos e Santos é Jornalista; Radialista; Advogado; Professor; Mestrando em Comunicação e Jornalismo com Ênfase em Mídias Sociais e Digitais; MBA em Comunicação e Marketing; e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais.

 

 

 

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