Oficina reuniu adolescentes para debater desinformação; ideias ajudarão a compor módulo de Educação Midiática da Disciplina de Cidadania Digital
A Safernet realizou semana passada a “Oficina de Educação Midiática para Adolescentes e Jovens”. O evento fez parte da agenda da Cúpula do Y20, o grupo de engajamento jovem do G20 – o grupo das 20 nações mais desenvolvidas do mundo, atualmente sob a presidência do Brasil, realizada de 12 a 16 de agosto no Rio de Janeiro.
A oficina, realizada no galpão da Ação da Cidadania, no último dia 14, é parte do projeto Disciplina de Cidadania Digital, criada pela Safernet em parceria com o governo do Reino Unido, que busca levar às escolas e aos professores da rede pública de ensino brasileiras conteúdos para fomentar as discussões sobre cidadania digital em sala de aula.
As ideias e soluções propostas pelos adolescentes participantes da oficina servirão como referências para um novo módulo sobre educação midiática e desinformação que vai compor o caderno de aulas da Disciplina de Cidadania Digital.
Até o momento, em dois anos de aplicação do projeto, a disciplina já atingiu quase 31 mil estudantes em 287 escolas de 193 municípios brasileiros, em 17 estados e no Distrito Federal. O curso de formação para professores que integra o projeto e está disponível na plataforma AVAMEC teve até agora quase 4000 matriculados em todo o país.
Participaram da oficina, adolescentes do Colégio Estadual André Maurois, e participantes de programas sociais da ONG Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro (Cedeca).
A partir da mediação da equipe da Safernet e de dinâmicas que foram propostas no encontro, os estudantes “protagonizaram discussões sobre desinformação e educação midiática”, afirma Isabella Ferro, assistente de projetos da Safernet.
Durante a oficina, eles pensaram soluções para os problemas que a sociedade enfrenta atualmente, relacionados à desinformação e às fake news. Também foi discutido “como eles podem se engajar para mobilizar outros jovens, outros adolescentes nessa luta pela educação midiática”, afirmou Gustavo Barreto, assistente de projetos da Safernet.
Os jovens falam
Uma das participantes da oficina foi Heloísa Oliveira, de 17 anos. Ela e seu grupo na oficina discutiram perfis fakes criados para difamar pessoas e impulsionar discursos de ódio. “O tema que nos deram foi de um fake que fizeram no qual pegaram a imagem de um homem e a distorceram, colocando ele como uma pessoa trans, o que envolvia também o uso indevido da imagem de alguém”, contou. A participação de Heloísa na oficina da Safernet a estimulou a ir em outra agenda do Y20.
Já o estudante Robert Alves, 16 anos, sugeriu a ideia que conteúdos dessa natureza sejam tratados mais cedo na escola, desde o fundamental, devido à realidade de que a internet e as redes sociais são usadas cada vez mais cedo pelas crianças e adolescentes.
Para a jovem embaixadora da Safernet Julia Fernandes, “é muito importante que os jovens se reconheçam como protagonistas da sua própria história, como pessoas que têm autonomia de mudar o mundo, mas acima de tudo, também mudar a sua própria comunidade, através de políticas públicas, de mobilizações, manifestações que eles têm o direito de fazer. Nós temos essa voz, nós temos a democracia a nosso favor, então é muito incrível estar hoje nesse evento para a gente de fato ver essa troca tão rica em conhecimento e novas experiências, perspectivas que certamente vão acrescentar muito em tudo que eles estão fazendo hoje”.
Unicef e MPF
A participação dos jovens no debate de temas que impactam diretamente em suas vidas foi defendido por representantes do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e do Ministério Público Federal.
“Em 2022 nós fizemos o projeto ‘Primeiro Voto’ e, para as eleições de 2024, o ‘Voto Consciente’, ambos criados justamente para conscientizar os jovens sobre a questão da desinformação e passar informações sobre como checar informações”, contou a Procuradora Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Neide Cardoso.
“Vocês sabiam que participação é um direito? Vocês têm obrigações: estudar, ser uma pessoa bacana. Só que vocês também são sujeitos de direitos. Ou seja, também podem e devem exercitar esse direito à participação”, disse Joana Fontoura, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do Unicef.
Veja o vídeo institucional da Safernet sobre a oficina.
Texto publicado em 22/08/2024