Questões Raciais

Trabalhador rural é assassinado a machadadas no Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia

A comunidade do Quilombo Rio dos Macacos foi surpreendida na noite desta segunda-feira, 25, com o assassinato brutal de uma das lideranças locais

Conhecido como ‘Seu Vermelho’, o trabalhador rural José Izídio Dias, 89, foi encontrado morto em sua casa, com marcas de violência sofrida por um machado. O suposto objeto do crime também foi encontrado no local, de acordo com relato dos moradores.

Não se sabe a motivação do crime, de acordo com os quilombolas, que já sofrem com conflito de terra envolvendo a Marinha do Brasil há mais de 50 anos, quando a Vila Naval de Aratu foi construída naquela área remanescente de quilombo.

Entidades dos movimentos sociais, como a AATR, a Ideas Assessoria Jurídica Popular, o Coletivo de Entidades Negras (CEN) e a CONAQ estão acompanhando o caso no local, com representantes políticos e advogados, que informaram à Defensoria Publica do Estado e à Defensoria Publica da União sobre o ocorrido. O deputado estadual Hilton Coelho também esteve no local.

Órgãos ligados à questão racial, como a Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade da Bahia), que está presente no local, também já foram acionados e estão atuando para dar suporte à comunidade, além de cobrar a ação de outras instituições.

A SSP (Secretaria de Segurança Públoca) e a Companhia de Polícia Militar da região também foram notificadas do ocorrido. Prepostos da PM já confirmaram presencialmente o homicídio e acionaram a Polícia Civil, que chegou para fazer a perícia por volta de 2 horas da manhã.

Por ser área federal, devido à presença da Base Naval no entorno, o caso deve ser apurado pela Polícia Federal e por órgãos de segurança da União. Mas a situação envolvendo o Quilombo Rio dos Macacos tem contornos muito mais complexos, envolvendo diversos setores da estrutura estatal numa discussão longa sobre a demarcação e a posse do território.

O corpo de Seu Vermelho foi removido após as 2h da manhã, depois de muita mobilização para que o rabecão chegasse até o local e realizasse a perícia.

Estrutura
O assassinato do trabalhador rural evidenciou a situação vivida pela comunidade de Rio dos Macacos, principalmente a falta de estrutura física digna para a moradia.

O acesso à comunidade se dá por uma estrada de barro acidentada, a cerca de um quilômetro da guarita controlada pela Marinha que “protege” a entrada no quilombo.

Não há iluminação básica nem saneamento que garanta condições de residência naquela região, apesar de esses temas já terem sido alvo de diversos debates durante as negociações sobre o território quilombola.

Durante a espera para que o caso fosse apurado e a perícia ocorresse, nenhum preposto da Marinha do Brasil foi até a comunidade para checar o que aconteceu por lá.

A entrada de ativistas e autoridades foi liberada durante toda a noite, diferente do que costuma acontecer. Mas passar da ponte que divide a moradia dos fuzileiros navais da residência dos quilombolas — uma espécie de marcador do apartheid — era uma tarefa inglória e hercúlea, intensificada pela chuva.

Caía muita água sob Salvador desde a manhã da segunda-feira, o que não parou na madrugada de terça, provocando o acúmulo de lama.


Por: Yuri Silva

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